Origem
A origem do Boi-Bumbá remete ao século XVIII, resultante das divergências e do relacionamento entre os escravos e os senhores nas Casas Grandes e Senzalas.
Refletia as condições sociais de negros e índios.
A festa do Boi-Bumbá ou festa do Boi, tem sua origem no Nordeste do Brasil, onde derivou de outra dança típica, o Bumba-meu-Boi.
A história do Boi-Bumbá é idêntica a do Bumba-meu-Boi, é uma espécie de ópera popular, cujo enredo desenvolve-se em torno da lenda do fazendeiro que tinha um boi de raça, muito bonito e querido.
Em Parintins, no estado do Amazonas, as apresentações do boi desenvolvem-se com o enredo que conta a história do negro Francisco, funcionário da fazenda, cuja mulher Catirina estava grávida. Catirina teve o desejo de comer a língua do boi e com medo de que sua mulher perdesse o filho caso o desejo não fosse atendido, o negro Francisco resolve roubar e matar o boi preferido de seu patrão.
O fazendeiro descobre e manda os índios caçarem o negro Francisco, que busca um pajé para ressuscitar o boi.
O boi renasce e tudo vira uma grande festa.
O imaginário indígena e figuras religiosas como pajés e feiticeiros foram incorporados as tradições da festa.
Por isso, durante o Festival Folclórico de Parintins, a cidade é chamada de "Ilha Tupinambarana" e os Bois Garantido (vermelho) e Caprichoso (azul), se apresentam no Bumbódromo, uma espécie de Sambódromo (arena).
A origem dos nomes dos bois, mais aceita, refere-se ao poeta Emídio Vieira e seu amor proibido pela mulher de Lindolfo Monteverde.
Como não podia ter a mulher de Lindolfo, Emídio lançou um desafio ao outro: que ambos apresentassem seus bois todos os anos em um festival. Emílio:
"Se cuide que este ano eu vou caprichar no meu boi";
Lindolfo: "Pois capriche no seu que eu garanto o meu".
Assim nasceu o nome e a rivalidade aumentava a cada ano.
No Maranhão, o Bumba-meu-Boi consiste na brincadeira que faz dançar, cantar e tocar em volta de uma carcaça de boi bailante e um agregado de pessoas que se tratam por brincantes.
A festa começa no mês de Março, após as arrecadações para a brincadeira, quando começam a montar as roupas e o próprio boi, sendo feito em fibra de buriti e seu couro de veludo revestido por missangas, e só termina após a morte do boi que geralmente é em Outubro.
Bumba-meu-boi
"O meu boi morreu
O que será de mim?
Manda comprar outro, ó maninha
Lá no Piauí"
Um dos folguedos mais tradicionais do Brasil, tendo englobado até vários reisados, o bumba-meu-boi é uma espécie de auto em que se misturam teatro, dança, música e circo.
Ele é representado sob os mais diferentes nomes em localidades que vão do Rio Grande do Sul (como boizinho) e Santa Catarina (boi-de-mamão) aos estados do Nordeste (boi-de-reis) e o Amazonas (boi-bumbá).
Sua provável origem é o Nordeste das últimas décadas do século XVIII, onde a criação de gado era feita por colonizadores com mão-de-obra escrava.
Nas fazendas, os cativos teriam misturado suas tradições africanas (como a do boi geroa) a outras européias dos senhores (como a tourada espanhola, as tourinhas portuguesas e o boeuf gras francês), numa celebração que tematizava as relações de poder e uma certa religiosidade, sendo, inicialmente, alvo de grande repressão.
Tradicionalmente realizado no período das festas juninas (em alguns lugares também no Natal e no Carnaval), o bumba-meu-boi encena o rapto, morte e ressurreição do boi — uma história de certa forma metaforiza o ciclo agrário.
Musicalmente, ele engloba vários estilos brasileiros, como os aboios, canções pastoris, toadas, cantigas folclóricas e repentes, tocados em instrumentos típicos do país, tanto de percussão como de cordas.
Para alguns estudiosos, o "bumba" vem do som da zabumba, mas, para outros, trata-se de uma interjeição, que daria à expressão sentidos vários como "Vamos, meu boi!", "Aguenta, meu boi" ou "Bate, meu boi!".
O boi, figura central do auto, geralmente é feito com uma armação de cipó coberta de chita, grande o bastante para que um homem a vista.
A cabeça que pode ser feita de papelão ou com a própria caveira do animal.
Na encenação, a lenda pode ser contada de várias formas, mas a história básica é a da escrava Catirina (ou Catarina), grávida, que pede ao marido Chico (ou Pai Francisco) para que mate o boi mais bonito da fazenda porque quer comer a sua língua.
Ele atende ao desejo da mulher e é preso pelo seu feitor, que tenta a todo custo ressuscitar o boi, com a ajuda de curandeiros.
Boi revivido, tudo acaba em festa.
Outros personagens podem entrar na história para dançar, dependendo do tipo de boi: Bastião, Arlequim, Pastorinha, Turtuqué, o engenheiro, o padre, o médico, o diabo etc, todos quase sempre interpretados por homens, que se travestem para compor os personagens femininos.
Festa em Parintins
Sufocado pelos avanços dos meios de comunicação, o boi fica cada vez mais restrito às comunidades rurais e pesqueiras que ainda conseguem preservar suas tradições.
No entanto, ele é uma festividade muito popular em São Luís do Maranhão, para onde vários grupos do estado (alguns fortes, como o Boi Madre Deus e o Boi Maracanã) convergem na época junina e desfilam por toda a cidade.
No entanto, esse boi ainda não supera em público o que acontece anualmente, nos dias 28, 29 e 30 de junho, na cidade de Parintins (Amazonas, a 420 km de Manaus), quando o boi Caprichoso (de cor azul, fundado em 1913 por Lindolfo Monteverde) e o Garantido (de cor vermelha, fundado em 1914 por José Furtado Belém e Emídio Rodrigues Vieira) desfilam no bumbódromo da cidade para um público que, entre locais e turistas, chega a reunir mais de 50 mil pessoas.
Levado para a Amazônia por imigrantes maranhenses que foram no século XIX atrás dos lucros da borracha, esse boi ganhou o nome de boi-bumbá, sofreu influências indígenas e andinas e começou a sair ao som da chamada toada amazônica.
A competição profissional entre Caprichoso e Garantido começou em 1966, e desde então só fez ganhar requintes de espetáculo (um desfile parecido com o das Escolas de Samba do Rio, com raio laser e o som amplificado de instrumentos eletrônicos) que transformou o Boi de Parintins na mais famosa manifestação folclórica da região Norte, patrocinada por indústrias de bebidas.
Graças ao desfile amazônico, o boi pode gerar em 1996 o seu primeiro artista pop: a ex-banda de forró Carrapicho, que foi sucesso no Brasil e na França (levado pelo ator Patrick Bruel) com a música Tic Tic Tac.
Gravado por Fafá de Belém e pela cantora de axé Márcia Freire, a música Vermelho (hino do Garantido, composto por Chico da Silva) também teve grande êxito, abrindo caminho para artistas de Parintins, como os levantadores de toada Arlindo Júnior e David Assayag.
Músicas
Boi Barroso – Elis Regina
Vermelho (Chico da Silva) – Fafá de Belém
Tic Tic Tac – Carrapicho
Boi Bumbá (Waldemar Henrique) – José Tobias
Boi do Amazonas (recolhido por Walter Santos) – Papete
Bumba Meu Queixada – Teatro União e Olho Vivo
Entrada do Boi Misterioso – Quinteto Violado e Zélia Barbosa
Gado Bom Quem Tem Sou Eu (toada de vaquejada) – Otacílio Batista
Boi de Mamão (entrada de boi, Bermúncia e Maricota) – Boi de Mamão de Itacorobi (SC)
A Burrinha – Quinteto Violado
Dobradura:
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